Você deve ter um filme predileto, daqueles que já assistimos diversas vezes, mas estamos sempre dispostos a assistir mais uma vez, eu tenho esse hábito, mas não é só com filmes, costumo voltar a minha estante e buscar um livro já lido, escuto muito a mesma música, vejo novamente o mesmo documentário, revejo velhas fotos, cartas de amor antigas, essas coisas. Mas acho que o de assistir filmes, compartilho com muitas pessoas, esse é um hábito que muita gente tem, final de semana passado assisti acho que pela 23ª ou 24ª vez - ''Patch Adams - O amor é contagioso'', é um filme maravilhoso, e baseado na história real da vida do Dr. Hunter ''Patch'' Adams, um médico norte-americano famoso por sua metodologia inusitada no tratamento de enfermos, pai da idéia dos chamados ''Doutores da alegria'' no Brasil. Na década 60, Dr. Patch quase que não conseguiu se formar por conta de um professor na Universidade de Medicina da Virginia que achava que Patch não tinha atributos consideráveis normais para tornar-se médico, sofria de ''felicidade excessiva'' segundo descrevia o professor, mesmo tirando as melhores notas e sendo um aluno brilhante.
Patch como é conhecido, hoje tem 67 anos e continua com sua estimulante arte de cuidar de pessoas doentes, ele viaja o mundo todo levando alegria a diversas crianças e adultos internados em hospitais, para que o ambiente hospitalar não fique pesado demais para essas pessoas e os tratamentos hajam de forma precisa.
Alguns dias atrás li uma matéria na internet sob o título:''Amor é fundamental para a cura de doenças'', e ali cientistas que estudam o cérebro humano afirmam que as defesas do organismo reagem de forma mais ativa, se recebermos uma quantidade de atenção maior no período mais crítico de uma doença. Ao ler a reportagem automaticamente lembrei de um amigo já falecido, que sofria com a diabetes, essa doença gravíssima que é cada vez mais diagnosticada na população. Meu amigo (não vou citar o nome dele em respeito) soube que tinha a doença havia muitos anos, e ela custou a se manisfestar de forma devastadora por que ele mantinha hábitos saudáveis para que pudesse ter uma qualidade de vida, mesmo tendo que viver com o uso da insulina. De certa forma conseguiu abreviar por alguns anos as consequências mais graves da doença, mas não as perdas na vida pessoal, logo aos 37 anos de idade ele ficou impotente e com dificuldades de enxergar, e a mulher dele não compreendendo a situação o traía constantemente, os filhos nunca foram amorosos, pareciam estar sempre preocupados com eles mesmos, até que alguns anos atrás, a mulher o deixou por um homem bem mais jovem, abandonou a casa e a família. Os filhos apoiaram a mãe já que o pai não passava de um homem doente e rabugento e segundo eles, ela tinha todo direito de ser feliz.
Depois disso a doença do meu amigo foi piorando, já ninguém mais o visitava, alguns finais de semana nos telefonava perguntando se podia nos visitar, e mesmo que fossemos sair, o esperávamos e o recebíamos por que percebíamos claramente que sentia-se muito sozinho, algumas vezes era acometido por uma intensa nostalgia e ficava contando por horas lembranças de sua vida. Ele morreu em 30 de julho de 2006, depois de sofrer muito alguns dias por conta da doença e sempre me pergunto: Não terá sido falta de amor?
No dia em que ele morreu ''todos'' que nunca mais foram vê-lo estavam no seu velório, será que não podiam te-lo visitado enquanto estava vivo? Será que não perceberam que ele estava sozinho e que por isso a doença piorava? Outros tempos? Não. Outras pessoas! Isso sim. Patch Adams faz isso a mais de trinta anos e essas pessoas as quais ele visita e traz alegria não são seus parentes e muito menos seus conhecidos, o que ele carrega dentro de si para fazer isso é puramente: AMOR!


