´´ Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade. Porque amigo é a direção. Amigo é a base quando falta o chão``
Semana passada caminhava pela avenida onde moro e ouvi do outro lado da rua alguém gritando deseperadamente meu nome: - KARLA, KARLA, EI..KARLA! Não costumo olhar, mas estava tão insistente que por curiosidade acabei olhando, era uma amiga querida e antiga daquelas que guardamos no coração para sempre. Quando éramos pré-adolescentes andavámos sempre juntas, dormiámos uma na casa da outra, ficavámos tanto tempo juntas que sabiámos até o que a outra pensava, ás vezes nos olhavámos com aquele ar de cumplicidade quando as duas discordavam de algo, ou até quando concordavamos, aqueles pequenos detalhes que só quem já teve um amigo assim sabe, até o dia em que o pai dela foi transferido para outro estado por causa do trabalho. Eu por incrível que pareça nunca me esqueci disso, nem da data, nem de como estava o dia quando ela entrou naquele carro e nunca mais a vi, do seu sorriso amarelo, de suas lágrimas e do perfume do seu cabelo na hora do abraço, lembro-me bem de todos os detalhes porque eu tinha apenas 13 anos e de certa forma sabia que a nossa grande amizade havia acabado ali. Durante alguns meses tentamos manter contato por meio de cartas, das quais foram se tornando cada vez mais raras com o passar dos anos, na década de 80 não havia o que existe hoje, e-mail, MSN, Orkut, Facebook, essas coisas que facilitam e muito os relacionamentos a distância, naquela época um numero errado na correspondência e a carta não chegava, e claro junto ainda tinham as novidades da vida nova dela, morando numa cidade super populosa e badalada, com praia, gente nova, artistas, não demoraria para ela fazer novos amigos e com certeza uma nova grande amiga, o que era mais do que natural. Com tempo as cartas pararam de chegar e eu deixei de escreve-las...a amizade ficou ali parada no tempo. Ao nos reencontrarmos parecia que o tempo não havia passado e que ainda éramos as mesmas meninas de antes, nos abraçamos, nos olhamos e depois caimos na gargalhada...o motivo, também não sei, mas suspeito que tenha sido de emoção. Falamos de tudo e eu queria saber tudo o que havia acontecido na sua vida desde então, ela me contou muitas coisas boas e legais, mas também muitas coisas tristes como acontece na vida de qualquer pessoa, e ela num momento parou e me disse: - Como é bom te reencontrar! Nesses 19 anos nunca me esqueci de você, e quando brigava com meu pai sempre o culpava por ter perdido minha única melhor amiga! - nem preciso confidenciar o que aconteceu depois né? Eu manteiga derretida como sou... Mas enfim no meio de vários assuntos, começamos a conversar sobre a vida ou sobre pessoas que conhecemos durante ela, e pessoas que nascem e morrem em nossas vidas, e eu fiz uma pergunta a ela que a deixou triste. A pergunta foi: - Quantas pessoas que já passaram na sua vida como amigo ou amiga, conhecido ou conhecidas ficaram ou continuam na tua vida? Ela ficou pensando e me respondeu: - Sabe Karla, pensando bem, pensando precisamente, muito poucas, principalmente muito poucas das quais NÃO me decepcionei. Em um primeiro momento não tive reação, mas depois quando cheguei em casa fiquei pensando o porque de eu me achar tão diferente das outras pessoas, e acabei descobrindo que eu sempre fui uma pessoa muito seletiva nas minhas amizades, e isso desde criança, desde muito tempo, depois que casei conitnuei pensando igual, tanto que na minha casa só entra quem eu realmente gosto, quem realmente é meu amigo, tenho um punhado de amigos dos quais adoro, mas principalmente são amigos de infância, pessoas que eu conheci na sua essência, que só me fizeram bem, e com as quais em sua maioria moldei a minha personalidade, e descobri também que não sou tão diferente assim e que é melhor ter um punhado de amigos que me amam de verdade do que ter um montão de conhecidos que logo me esquecerão. Fiquei feliz por tê-la encontrado e mais feliz ainda por ter retomado essa amizade tão antiga e verdadeira. Disso tudo tirei algo conclusivo, o interessante da vida não é ter um montão de gente ao teu redor, pessoas que muitas vezes nem te conhecem direito, não sabem seus defeitos, só tuas qualidades, esses quase nunca percebem quando você está chateado, quando está triste, ou quando está passando por alguma dificuldade, esses geralmente não te perdoam quando você comete algum tipo de divergência, não concordando com ele, ou querem que você concorde mesmo sendo injusta com algúém...o interessante mesmo é ter amigos que você pode ser VOCÊ mesmo, sem máscaras, com suas qualidades, mas com seus muitos defeitos, amigos pra qualquer hora, amigos PARA SEMPRE!
Obs: Uma singela homenagem aos meus grandes e eternos amigos!


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