Eu sou uma pessoa que adora recordar...ás vezes fico nostalgica e me emociono quando lembro de algumas fases da minha vida ou momentos breves, e não preciso de muito para ficar assim... pode ser vendo um filme, uma propaganda antiga, uma música, até mesmo uma novela da década de 70 ou 80. As lembranças do passado sempre mexem de alguma forma com a gente, mas comigo é diferente eu fico a pensar horas naquele determinado momento...e revivo as sensações. Como sofro de insônia, encontrei na internet e na televisão a cabo uma maneira de me distrair até o sono chegar, algo não recomendável por especialistas, mas é assim que consigo ter meus momentos nostalgicos, sem a barulheira do dia-a-dia, já que tenho quatro crianças em casa, escuto músicas antigas, vejo filmes, e até assisto uma novela antiga que está passando em um canal fechado - Vale Tudo - escrita por Gilberto Braga e Aguinaldo Silva, com um elenco ímpar e uma trilha sonora fantástica, a trama se passa entre 1988 a 1989, e conta a história da ambiciosa Maria de Fátima (Glória Pires em sua mais gloriosa atuação) e Raquel (Regina Duarte), mãe e filha separadas por ideologias completamente diferentes em relação a vida, essa novela foi uns dos maiores sucessos da televisão brasileira da epóca, e rendeu muitos pontos de audiência a emissora por conta da morte de uma personagem perversa chamada Odete Roitman (Beatriz Segall), uma mulher rica e pedante, sem valor moral alguma e disposta a passar por cima de qualquer pessoa que atravessasse seu caminho.
Bem, mas o que quero falar nesse post é justamente sobre diferentes epócas, no ano dessa novela e em muitos anos antes os valores de caráter, mesmo em um país que atravessava uma ditadura horrorosa em que a falta de liberdade de expressão levava jovens a serem torturados por lutar por ela, as pessoas eram diferentes de hoje. Eu me lembro quando eu era criança de meu pais comentarem as notícias do Jornal Nacional ou do Jornal do Almoço (noticiário de Porto Alegre no horário do meio dia), discutirem sobre suas ideologias e discordarem em alguns momentos, lembro-me dos valores pregados por meu pai, criança devia ser criança, tinhamos que trabalhar para ter dinheiro mas não virar escravo dele, ter um punhado de amigos bons, cultivar a paz e o amor, mas principlamente viver de maneira que fossemos felizes de qualquer jeito, porque nossas escolhas fazem parte do resto de nossas vidas. Quando eu era criança eu não tinha noção de nada, eu não sabia como era a vida depois de adulta, eu não sabia como era criar filhos, trabalhar para se manter, mas de uma coisa eu sabia, eu queria ser feliz fosse do jeito que fosse. Claro que a medida em que fui crescendo fui descobrindo que não é tão fácil, e que há sempre pedras no caminho, mas em um determinado momento eu olhei para tráz e recordei as palavras do meu pai e percebi que que eu a minha infância eu vivi todinha, as brincadeiras, andar de bicicleta, brincar de esconde-esconde, jogando taco com os amigos, e também fui uma adolescente inteira, cheia de duvidas,curtindo meus momentos, os filmes, os amores, as festinhas de garagem com músicas boas ou não tão boas. O tempo passou mas percebo claramente que as crianças de hoje não terão essa oportunidade, é tudo muito rápido, e eles não tem tempo hábil para aproveitar devidamente, os adolescentes não sabem esperar, nunca souberam, mas antes pelo escutavam os sermões aplicado pelos pais...e é impressionante mas mesmo com toda a facilidade que se apresenta hoje em dia, sei que faço parte de uma geração que aprendeu muito com a vida, tropeçando, porque antes era assim que se aprendia, ninguém ensinava a gente sobre nada, fomos aprendendo por nós mesmos, e vivi e contrui a minha história assim como muitos da minha epóca, se deu certo ou errado só o tempo vai dizer.
Quando eu citei a novela Vale Tudo eu queria usar como exemplo a história, e dizer que valores são os que nos levam a agir, a novela mostra nitidamente que a felicidade não está no dinheiro, ou em quão esperto você é em passar a perna em alguém, que apesar do tempo temos o dever de mostrar para nossos filhos e para nós mesmos de vez quando, que não perdemos a essência da infância, o que aprendemos com nossos pais. E mesmo em diferentes epócas uma brincadeira comum como jogar bola com o filho, ou brincar de comidinha com a filha pode ser muito interessante para descobrirmos o que realmente lhes faz feliz e o que querem para suas vidas e eles perceberem que valores a gente carrega para a vida inteira, independente do tempo, da epóca, da idade e das facilidades que a tecnologia trouxe, pensar...faz bem...muito bem ainda!

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